segunda-feira, outubro 22, 2007

Teatro...

Há já algum tempo que não ia ao teatro, e aproveitando a dica do meu consultor privado nestas andanças do que é bom e não é (o puto Marc sabes umas coisas!), no passado sábado fui lá dar uma espreitadela...
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Além de ir ver uma peça nova, que estreou em Fevereiro no Convento das Mónicas e que já passou por diversas cidades do nosso país, também fui conhecer um espaço novo (para mim, é claro!), que é o mini-teatro que a CApa (Centro de Artes Performativas do Algarve), com pouco mais de 100 lugares e um palco pequenino, mas que dá um ambiente super acolhedor e ideal para aquelas peças onde há bastante aproximação e mesmo interacção com o público. Só achei as filas muito próximas umas das outras, o que não permitia mexer muito no lugar, tendo ficado com as pernas quase dormentes!!! Enfim.... sacrifícios pela cultura!
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Mas avante....
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A peça chama-se Stabat Mater, e é de António Tarantino (deve ser quase primo do Quentin Tarantino !?!), encenação de Jorge Sila Melo e interpretação de Maria João Luís (entrou em diversas novelas incluíndo a recente Doce Fugitiva).
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Basicamente trata-se de um monólogo de 1h30, onde Maria João Luís mostra uma garra imensa a falar, gritar e susurrar, sempre numa linguagem escandalosamente ..... ordinária, pagã, simplista e com um teor de crítica social poderosíssimo, falando de tudo: políticos, pedofília, imigrantes, corrupção, ciganos, sistema social, prostituiçao, drogas, etc..
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Houve momentos em que pensava como é que será que estariam a reagir aqueles cotas todos que ali estavam, perante uma linguagem daquelas!!! Cenas tipo: "Aquela p*** desencaminhou o meu filho! Anda a pôr nutella no p** dele e a chupa-lo que nem uma maluca! O rapaz assim vai se desgraçar!" mais ou menos assim!!! :)
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"Maria, à procura do filho desaparecido, acaba por sucumbir. Ex-prostituta, mergulhada na miséria, sozinha, resignada e cheia de ódio contra a sociedade. O texto é uma longa afabulação não narrativa, onde a partir da imagem marginalizada, mas vibrante das figuras de fé e do mito, e da linguagem de rua dos imigrantes, que mistura os dialectos, com efeitos de verdades e comicidades irresistíveis, sobressai a heresia, própria da vida, de uma dor que não serve nem salva, e da história que impiedosamente repete o seu ciclo sem evoluir." in guiadacidade.com
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A peça vai continuar a ser exibida pelo país fora, e aconselho vivamente a irem ver se tiverem a oportunidade... são 90 minutos muito bem passados a rir que nem um desalmado... ;)
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Podem ver por onde vai andar na página dos Artistas Unidos.

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